Comportamento do grupo e condução de treinamentos

Uma variável que interfere na condução de um treinamento é o comportamento do grupo. É possível ao facilitador identificar o que está ocorrendo no grupo, percebendo a forma como cada participante expressa suas opiniões, se engaja ou não nas atividades propostas, se é receptivo ou resistente à metodologia apresentada, dentre outras.

O facilitador pode observar estas questões, identificando como o grupo reage à sua forma de conduzir o treinamento e, como eles próprios se inter-relacionam.

Em um grupo de treinamento três aspectos ocorrem simultaneamente: a apresentação dos conteúdos e atividades propostas, que é a parte visível e tangível do curso. Outra inclui os aspectos comportamentais, ou seja, os comportamentos externalizados por cada um dos integrantes do grupo, bem como a forma como se comunicam.  O conjunto das reações do grupo aos conteúdos e métodos apresentados e dos comportamentos externalizados, formarão o comportamento do grupo, o qual interfere de forma direta nos resultados contratados.

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Will Shultz nos ajuda entender o comportamento dos grupos, bem como o caminho que o grupo percorre para elevar performance.  Ele diz que um grupo passa três fases distintas de desenvolvimento: inclusão, controle e abertura.

Fase de inclusão

A fase de inclusão ocorre no período inicial do grupo, quando os participantes confrontando uns com os outros buscam e encontram o lugar que lhe convém. É a fase em que se estabelecem limites e cada um decide se vai ou não comprometer-se com os objetivos do grupo.

Veja algumas características desta fase:

  • As conversas são cautelosas, com assuntos banais.
  • O seguinte pensamento surge – Irei na mesma direção dos demais ou vou retrair-me?
  • Sentimento de estranhamento, pois ninguém se conhece, ou se conhecem, mas não nesta situação.
  • A decisão principal neste ponto é: Estou dentro ou fora deste grupo?

Fase do controle

A fase do controle compreende as lutas e disputas pela liderança, ou seja, é o período da distribuição do poder e de controle do grupo.

As características desta fase são:

  • Há jogo de forças e formulação de normas e condutas dentro do grupo.
  • Cada um busca atingir um lugar satisfatório às suas necessidades de controle e influência.
  • Surgimento de subgrupos e alianças.
  • A decisão principal é a seguinte: Estou no topo ou na base?

Fase de abertura

A fase mais produtiva do grupo é a de abertura. Nela os integrantes estão engajados nos objetivos estabelecidos, sendo criativos, construtivos, interdependentes, sinérgicos e afetivos.

Nesta fase, observam-se as seguintes características:

  • Grupo mobilizado a caminhar em direção a seus objetivos e metas.
  • Avanço na relação de confiança mútua.
  • Grupo apresenta alto nível de respeito, de aceitação de seus membros e das diferenças individuais.
  • Podem surgir manifestações de hostilidades, ciúmes, apoio e afeto. O clima do grupo pode oscilar entre momentos de grande harmonia, hostilidade e tensão.

É função do facilitador auxiliar o grupo na qual está conduzindo a chegar na fase de abertura, pois é nesta etapa que o grupo é mais produtivo e está comprometido com os resultados contratados. Desta forma, tornam-se necessários cuidados específicos na condução do grupo em cada uma destas fases.

Na fase de inclusão é o momento do facilitador estimular a comunicação e a aproximação do grupo. As estratégias de ensino são para o participante sentir que o ambiente do treinamento será um local seguro e protegido para seu desenvolvimento.

São estratégias apropriadas para esta fase:

  • Estabelecer um clima empático com os participantes, de forma que eles sintam-se bem vindos ao grupo.
  • Promover os devidos esclarecimentos sobre os objetivos do curso, conteúdos e a metodologia que será utilizada, oportunizando espaço para cada participante explicitar suas expectativas.
  • Escutar com atenção e paciência o grupo.
  • Tomar cuidado para não escolher práticas metodológicas que deixem os participantes inibidos ou na defensiva.

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A fase de controle, como visto, é o período de distribuição do poder, havendo a tendência do grupo confrontar o facilitador e/ou integrantes do grupo. Isso é um movimento normal do grupo, pois a confiança ainda não está estabelecida. O cuidado é não criar situações para que se acentuem situações de conflito, sendo adequado ao facilitador manter sua comunicação no circuito positivo, utilizando a orientação, proteção, análise, pedir ou dar informações, espontaneidade e cooperação em suas intervenções na condução do grupo. Por outro lado, é importante ficar atento para não utilizar como forma de comunicação a dominação, permissividade, imaturidade, submissão e reclamação, uma vez que há uma tendência de alguma destas formas de comunicação estar presentes nos integrantes do grupo, as quais podem gerar convites para conflitos e desentendimentos.

O papel do facilitador é auxiliar o grupo a superar esta etapa.

As seguintes estratégias de condução são adequadas para a fase de controle:

  • Prover o grupo com todos os dados e informações que favoreçam sua autonomia e segurança.
  • Não julgar nem criticar o grupo ou algum participante em específico.
  • Havendo desconfiança, abrir todas as informações e se disponibilizar para responder perguntas com tranquilidade.
  • Aceitar os erros com naturalidade, e quando ele ocorrerem, ajudar para que o grupo perceba a maneira como cada um contribuiu para que o problema ocorresse.
  • Aqui também é um bom momento para realizar uma avaliação do contrato de resultados, fazendo os ajustes necessários.

Após superar a fase de inclusão e controle, o grupo chega a fase de abertura, canalizando suas energias para os objetivos do curso, sendo adequado neste momento:

  • Reavaliar o contrato de resultados.
  • Estimular o interesse para que o grupo compartilhe seus aprendizados.
  • Promover a troca de feedbacks com enfoque no desenvolvimento do grupo.
  • Por parte do facilitador, manter sua comunicação no circuito positivo, dando apoio e incentivo ao grupo para enfrentar novos desafios.

Lembre-se que o mapeamento do comportamento do grupo inicia-se antes mesmo do curso iniciar. Já na contratação do curso é possível obter pistas sobre o perfil do grupo e identificar se ele estará receptivo ou não a metodologia e conteúdos previstos, dando assim, subsídios ao facilitador para adequar as estratégias de aprendizagem, bem como seu estilo de condução de acordo com a forma de funcionamento do grupo, mantendo como foco, a elevação de performance dos participantes.

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Autor: Luiz Antonio Tiradentes – Administrador, facilitador de treinamentos e autor do Curso Ciclo de Aprendizagem Vivencial – CAV .

Referência:

Schultz, Will. Profunda simplicidade. São Paulo: Ágora, 1989.

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